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7. OS LEIGOS NA IGREJA

6. OS MINISTÉRIOS NA IGREJA

Uma vez que já se disse que o Magistério nos ilumina acerca do vínculo eclesial que o batismo confere ao fiel cristão católico, bem como o faz participante do sacerdócio de Cristo (cf. LG 10), podemos concluir que todo o povo é corresponsável pela missão da Igreja no mundo. Desta conclusão chegamos ao conceito de Igreja Ministeria1. Segundo a CNBB, o ministério é “fundamentalmente o carisma que assume a forma de serviço à comunidade e à sua missão no mundo e na Igreja e, como tal, é acolhido e reconhecido pela Igreja2. Os ministérios presentes e operantes na Igreja são todos, embora de diferentes modalidades, uma participação no mesmo ministério de Cristo, o bom pastor que dá a vida pelas Suas ovelhas (ChL 21).

Vale a pena dizermos mais uma vez que a missão da Igreja já não é mais compreendida como exclusivamente missão hierárquica, isto é, dos ministros ordenados, clérigos, outrossim de todos os membros da Igreja: religiosos e leigos também. Diz-nos a Lumen Gentium:

Pois os Pastores sagrados sabem perfeitamente quando os leigos contribuem para o bem de toda a Igreja. Sabem também que não foram instituídos por Cristo, a fim de assumirem sozinhos toda a missão salvífica da Igreja no mundo. Seu preclaro múnus é apascentar de tal forma os fiéis e reconhecer-lhes atribuições e carismas, que todos, a seu modo, cooperem unanimemente na obra comum (LG 30).

O concílio não quer e, de fato, não sugere confusão entre as funções nem quanto à identidade da hierarquia e do laicato, mas de uma distinção de carismas e ministérios exercidos por cada um deles para alcançarem, juntos, o bem da comunidade, inspirados na analogia com o corpo, de São Paulo (1Cor 12,11.18)3.

Esta diversidade de dons e serviços no interior do povo de Deus fazem com que seja possível a realização da Igreja de diversas condições de vida ou, para usar um termo mais comum, estados de vida. Estas expressões aparecem sete e oito vezes, respectivamente, na Lumen Gentium4. A nova concepção que leva em conta este dinamismo eclesial, encontrada no capítulo II da Lumen Gentium nos mostra uma virada copernicana que possibilita a eclesiologia de Comunhão. Pié-Ninot disse: “Esta comunidade, hierarquicamente estruturada sem dúvida, aparece antes de tudo como comunidade sacramental fundada no batismo e na eucaristia, uma eclesiologia de comunhão”5.

Também a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil faz seu apontamento sobre a diversidade ministerial da Igreja. Após comparar, no documento 105, sobre a relação entre os leigos e a sociedade, a diversidade ministerial com a imagem da Santíssima Trindade, diz:

Por meio de carismas, serviços e ministérios, o Espírito Santo capacita a todos na Igreja para o bem comum,

a missão evangelizadora e a transformação social, em vista do Reino de Deus. Os carismas devem ser

acolhidos e valorizados. Não dependem de mandato, delegação ou carências da comunidade, mas em

espírito de comunhão, cabe aos pastores o seu discernimento. Serviços e ministérios estão fundamentados

nos sacramentos do Batismo e da Crisma. Uma Igreja toda ministerial oferece espaços de comunhão,

corresponsabilidade e atuação dos leigos e colabora com a descentralização6.

Além disso, no documento 62, mostra que no Novo Testamento os carismas vêm frequentemente relacionados aos ministérios, certificando sua autenticidade7. Da consciência nova sobre a realidade da comunhão interna dos membros da Igreja, podemos destacar, como nos convém, o estudo do laicato.

Pe. Cléber Rodrigues

Na próxima semana, leia a parte 6 deste artigo.


1. Cf. HACKMAN, G. A Amada Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo: manual de Eclesiologia como Comunhão Orgânica, p. 203.

2. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Doc.105, n. 155.

3. HACKMAN, G. A Amada Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo: manual de Eclesiologia como Comunhão Orgânica, p. 204.

4. A saber: LG 11.13.30.39.40.43.50 e LG 13.31.34.40.43.44.45.50.

5. Cf. PIÉ-NINOT, S. Eclesiología: La Sacramentalidad de la comunidad Cristiana, p. 290.

6. CNBB. Doc. 105, n. 152.

7. CNBB. Doc 62, n. 82.

Texto extraído do Trabalho de Conclusão de Curso de Teologia: OS NOVOS MOVIMENTOS ECLESIAIS COMO RESPOSTA AOS DESAFIOS ATUAIS – PE. CLÉBER JOSÉ RODRIGUES – PUCRS/2019.

Autor(a): Pe. Cléber Rodrigues

Direitos da Imagem: ASCOM NH

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