Texto: Pe. Fábio Luís Galle
Fotos: Felipe de Souza Ribeiro (arquivo pessoal)
A Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, localizada no Município de Nova Hartz, será o local da Cerimônia de Ordenação Diaconal do Seminarista Felipe de Souza Ribeiro. O evento está agendado para o dia 14 de fevereiro, às 20h. Além disso, ocorrerá um tríduo preparatório para a ordenação diaconal nos dias 11, 12 e 13 de fevereiro, na Igreja Matriz de Nova Hartz, às 19h. A ordenação será realizada pelo Bispo Diocesano, Dom João Francisco Salm.
O seminarista optou pelo lema: “É preciso que Ele cresça e eu diminuía”. O diaconato transitório constitui o primeiro grau da Ordem e, neste contexto, representa um estágio adicional rumo à ordenação sacerdotal. Assim sendo, o diácono compromete-se a servir ao povo de Deus, com especial atenção à liturgia, à Palavra e à caridade.
O candidato ao diaconato nasceu em 8 de outubro de 1993, na cidade de Nova Hartz – RS. Ele é filho de Milton Gonçalves Ribeiro e Iva Rosa de Souza, tem cinco irmãos e mora na Paróquia de Nova Hartz. Recentemente, Felipe teve uma conversa com o jornalista Fábio Luís Galle para compartilhar sobre sua trajetória vocacional.
Padre Fábio: Em que momento você percebeu o chamado para se tornar padre?
Felipe: Foram muitos os momentos em que Deus me deu sinais da minha vocação. Nasci em uma família católica, participávamos das missas, dos grupos de jovens e dos retiros. Desde criança, senti o chamado ao sacerdócio. Cheguei a ser vocacionado no seminário menor, mas não tive coragem de entrar naquele momento. O tempo passou e, aos 20 anos, fiz o retiro do EJU. Durante a missa, senti-me profundamente atraído pela Eucaristia e, em minha oração, entendi que Nosso Senhor me chamava para ser padre. Aos 22 anos, após participar de vários recolhimentos vocacionais, entrei no seminário.
Padre Fábio: De que maneira sua família ajudou na sua escolha?
Felipe: No começo, meus pais e meus irmãos achavam que eu não estava falando sério, que era algo passageiro e logo iria acabar. No entanto, quando perceberam que eu estava decidido a entrar no seminário, passaram a me apoiar muito, como fazem até hoje. Ao entrar no seminário, toda a minha família disse ‘sim’ a Deus pela minha vocação. Eles fizeram inúmeros sacrifícios para que eu chegasse até aqui, sofrendo e se alegrando comigo muitas vezes. Passei muito tempo longe da minha família, mas sempre senti o amor deles muito perto de mim.
Padre Fábio: Como você avalia sua experiencia de seminário e vida pastoral durante a sua formação?
Felipe: Esses anos de formação foram os mais felizes da minha vida. Sou muito grato a Deus por tudo o que Ele realizou em mim durante esse tempo. Nesse período formativo, tanto no seminário quanto nas paróquias em que trabalhei, pude crescer humana e espiritualmente, conhecendo mais a Deus e à Sua Igreja. A vida fraterna no seminário e nas paróquias, os momentos de estudo e oração, os meus erros e acertos, e os períodos de crise e consolação me fizeram trilhar os passos necessários rumo ao que Deus deseja de mim. A diocese providenciou tudo o que era necessário para que eu pudesse fazer um bom discernimento vocacional. Uma vida inteira dedicada à Igreja não seria suficiente para retribuir tudo o que dela recebi.
Padre Fábio: Como foi o seu envolvimento na vida paroquial durante sua formação?
Felipe: Durante os anos de seminário, trabalhei em muitas paróquias, realizando atividades pastorais aos sábados e domingos. Fiz um ano de síntese pastoral morando integralmente na paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Riozinho. Sempre busquei me envolver na vida paroquial e na vida das pessoas que a compõem. Além disso, procurei sempre aprender com os padres com quem trabalhei a cada ano. Tive experiências muito diversas, vivenciei realidades paroquiais distintas e conheci muitas pastorais e movimentos da diocese, cada um com seus desafios e alegrias. Essas experiências me fizeram amadurecer e fortalecer o desejo de dedicar minha vida à Igreja no ministério sacerdotal.
Padre Fábio: Quais são suas metas durante este período de diaconato até a ordenação como sacerdote?
Felipe: O meu objetivo é fazer a vontade de Deus com alegria. Quero contribuir com o meu pároco nas atividades pastorais e em todas as demandas da paróquia. Tendo em vista que o diaconato foi instituído para o serviço da caridade (Atos 6), pretendo dedicar-me, de forma especial, às pastorais sociais presentes na paróquia e, se possível, também às da diocese, servindo assim os mais necessitados, como foi a experiência dos primeiros diáconos da Igreja. Considerando as grandes exigências administrativas de uma paróquia, pretendo também aprender mais sobre administração paroquial e tudo o que é necessário para gerir bem uma paróquia.
Padre Fábio: O que significa ser diácono? Em qual comunidade você irá atuar durante este período de diaconato?
Felipe: O diaconato é o primeiro grau do sacramento da Ordem, uma vocação ministerial para o serviço. Sendo assim, ser diácono é ser servo, configurando-se a Cristo Servo. Sua diaconia expressa-se no serviço da caridade, no serviço da liturgia e no serviço à Palavra de Deus. Após ser ordenado, trabalharei na paróquia Imaculada Conceição de Rolante.
Padre Fábio: Que mensagem você gostaria de deixar para os jovens que estão em busca de sua vocação?
Felipe: Não tenham medo de escutar a voz de Deus que os chama e de se deixar conduzir por ela, seja qual for o caminho. A nossa vocação faz parte dos mistérios de Deus e, justamente por isso, há muitas coisas que não entendemos. É preciso ter fé e confiar em Deus. Para discernir a vocação e descobrir qual é o caminho a seguir, é necessário rezar muito, participar da vida da comunidade e ter a coragem de dar os passos necessários quando os sinais de Nosso Senhor vão se tornando claros.
Padre Fábio: Qual foi a experiência que mais impactou sua vida durante esse período de formação?
Felipe: Foram muitas as experiências que me marcaram nesse tempo de formação. É difícil destacar uma que tenha sido mais significativa, mas cito aqui algumas: o ano de propedêutico, o estudo da filosofia, a pastoral de rua em São Paulo junto à Comunidade Eucarística Voz dos Pobres, o meu ano de síntese pastoral em Riozinho e o trabalho junto ao lar de idosos das Irmãs Filhas de São Camilo, também em Riozinho.
Padre Fábio: Qual é a sua expectativa como futuro sacerdote da Diocese de NH?
Felipe: A minha expectativa é poder contribuir com o trabalho pastoral e missionário da nossa diocese, estando a serviço do nosso bispo, Dom João, e em unidade com todo o presbitério. Há muitos anos sonho e me preparo para o sacerdócio. Quero, por meio dele, dedicar a minha vida a tudo e a todos que o Senhor, no ministério sacerdotal, me confiar, celebrando os sacramentos, pregando o Evangelho, sendo fiel a tudo o que a Santa Igreja ensina e atendendo com solicitude o povo de Deus.
Padre Fábio: Quais são os desafios de testemunhar o amor, a unidade e a comunhão dentro da Igreja e na sociedade?
Felipe: Hoje, como em todos os tempos da história da Igreja, há muitos desafios para testemunhar o amor e a unidade de todo o gênero humano sonhados por Deus. Acredito que o maior deles é, de fato, viver aquilo que se deseja testemunhar. O Santo Padre, o Papa Francisco, tem pedido uma conversão pastoral em toda a Igreja, o que passa, necessariamente, por uma conversão pessoal, na qual cada um se decide por fazer a vontade de Deus, expressa por meio da Sua Igreja, deixando de lado gostos e ideias pessoais. O Concílio Vaticano II proclamou o chamado universal à santidade para todos os fiéis. As crises da Igreja, ao longo dos tempos, sempre foram resolvidas pelos santos. Hoje, mais do que nunca, precisamos de santos; todos nós precisamos atender ao chamado à santidade, cada um em sua vida, na missão que o Pai confiou de forma particular a cada um de nós. Não existe verdadeiro amor aos irmãos sem amar a Deus sobre todas as coisas, pois amar a Deus nos faz amar aqueles que Ele ama e olhar os outros com misericórdia. Da mesma forma, não existe verdadeira unidade distante da verdade do Evangelho de Nosso Senhor. O grande desafio é ser santo, vivendo a radicalidade da conversão, do amor e da verdade.
Padre Fábio: Qual é a sua mensagem para as comunidades da Diocese de NH?
Felipe: Eu tenho a graça de poder ser ordenado no ano jubilar da esperança. A mensagem que quero deixar para as comunidades de nossa diocese é, na verdade, repetir a mensagem que o Santo Padre tem nos transmitido este ano: “A esperança não decepciona” (Rm 5,5). São muitas as dificuldades do nosso tempo, mas Deus não nos abandona. Já fazem dois mil anos que os pés de Nosso Senhor pisaram as terras deste mundo, e Ele ainda apaixona os corações, porque Ele está vivo e age em nosso meio! São muitas as dificuldades do nosso tempo, mas a presença de Deus está em toda parte. Basta olhar com um pouco mais de atenção, e veremos os Seus sinais entre nós. Mesmo nas noites mais escuras, Ele não nos abandona!
Felipe: Queridos irmãos e irmãs, quero convidar a todos para a minha ordenação diaconal que acontecerá no dia 14 de fevereiro, às 20:00, na paróquia Nossa Senhora de Lourdes, em Nova Hartz. Peço a todos que rezem por mim! Que Deus abençoe a todos nós.