A UNIDADE INTERIOR DA IGREJA

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4. A UNIDADE INTERIOR DA IGREJA

A Igreja é una, santa, católica e apostólica. A Lumen Gentium, entre os números 5 e 7, apresentam imagens da Igreja: reino de Deus; redil; lavoura ou campo de Deus plantada pelo agricultor celeste; edifício de Deus construído sobre a pedra que é Cristo no qual habita sua família; Jerusalém do alto e nossa mãe. Mas a imagem mais forte é Corpo de Cristo, do qual ele mesmo é a cabeça e os membros são os batizados. Ainda que haja diversidade dos membros deste corpo – que são os fiéis – formam o mesmo e único corpo (Cf. 1Cor 12,12). A unidade dos membros e da própria Igreja, consequentemente, se dá, pois, por Deus mesmo.

Sobre a unidade, Hackmann afirma:

O Espírito Santo é a causa eficiente da unidade da Igreja, pois, como sua alma, faz acontecer

em sua vida e na vida de cada cristão a graça salvífica de Cristo, gerando-a e tornando-a, assim,

“sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano”, além

de distribuir os dons e carismas a cada pessoa (cf. 1Cor 12,7-11). Por isso, unidade não é uniformidade.

Frequentemente, se encontra a tendência de confundi-las, pois a uniformidade é bem mais fácil de construir.1

Há aqui duas verdades a serem entendidas: a primeira é que é legítima a diversidade interna dos fiéis da Igreja, tanto entre os ministérios e funções, por exemplo, entre leigos, religiosos e clérigos, como entre os fiéis que participam do mesmo grupo, por exemplo, entre os leigos; a segunda é que esta mesma diversidade legitimada pelo Concílio não afeta nem desfaz, absolutamente, a unidade da Igreja que as abarca e na qual existem.

Kasper compara, ainda, a Igreja a outra figura: a de uma árvore de muitos ramos. Com seus ramos estendidos para todos os lados, a árvore oferece lugar aos pássaros do céu. Compara também a unidade da Igreja à unidade da Trindade, de intimidade recíproca entre as diferentes pessoas. A Igreja Católica considera a unidade na multiformidade legítima das culturas, espiritualidades, teologias, Igrejas particulares, ordens, associações e agrupamentos como ponto forte, pois contribuem para a sua credibilidade e constitui um bem elevado, para cuja preservação cada membro da Igreja deve colaborar e cooperar, vivendo sua própria singularidade em comunhão2.

Nas ideias gerais do Concílio Vaticano II está a eclesiologia de comunhão. Não se trata de um capítulo explícito nos documentos, mas de uma ideia que parece, ao mesmo tempo, ser fonte e fruto dos conjuntos das doutrinas conciliares. Comunhão é uma palavra que corresponde ao termo koinonia, isto é, significa comunicação ou participação (1Cor 10,16), mas também comum empenho, união comum de todos segundo o próprio carisma e vocação3. Quer dizer que na Igreja existe um caráter de comunhão entre todos aqueles que a ela pertencem. A realidade da Igreja-comunhão é, pois, parte integrante, representa mesmo o conteúdo central do mistério, ou seja, do plano divino da salvação da humanidade. Por isso, a comunhão eclesial não pode ser interpretada simplesmente sociológica e psicológica (Cf. ChL 19).

O código de Direito Canônico afirma: “Encontram-se em plena comunhão com a Igreja católica, nesta terra, os batizados que se unem a Cristo dentro da estrutura visível daquela, quer dizer, pelos vínculos da profissão de fé, dos sacramentos e do regime eclesiástico (cf. CIC 205)”. Este cânon vai de encontro com o ensinamento conciliar dado na Lumen Gentium que diz que a pertença a esta comunhão se dá pelos vínculos da profissão de fé e da aceitação plena dos sacramentos e meios de salvação estabelecidos na Igreja (cf. LG 14).

Pe. Cléber Rodrigues

Na próxima semana, leia a parte 5 deste artigo.

REFERÊNCIAS:

1. HACKMANN, G. A Amada Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo: Manual de Eclesiologia como Comunhão Orgânica, p. 101.

2. Cf. KASPER, W. A Igreja Católica: Essência, Realidade, Missão, p. 20

3. HACKMAN, G. A Amada Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo: manual de Eclesiologia como Comunhão Orgânica, p. 90.

Texto extraído do Trabalho de Conclusão de Curso de Teologia: OS NOVOS MOVIMENTOS ECLESIAIS COMO RESPOSTA AOS DESAFIOS ATUAIS – PE. CLÉBER JOSÉ RODRIGUES – PUCRS/2019.

Autor(a): Pe. Cléber Rodrigues

Direitos da Imagem: ASCOM NH

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