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Mês da Bíblia 2023 – Carta aos Efésios

“Vestir-se da nova humanidade!” (Ef 4,24).

O Mês da Bíblia já tem mais de 50 anos de caminhada, com o objetivo de motivar os católicos a ter a bíblia em casa, conhecer o seu conteúdo e usá-la como “livro de cabeceira”, como lâmpada para iluminar, com a luz de Deus, os fatos da vida.

O livro estudado neste ano é a “Carta aos Efésios”, com o lema “Vestir-se da nova humanidade” (Ef 4,24). Com esta frase o autor exorta os batizados e batizadas a assumirem uma vida nova, um comportamento novo, de novas criaturas, salvas gratuitamente pela fé em Jesus Cristo, sobretudo em um contexto não cristão, escravagista, na Ásia Menor (hoje Turquia), região subjugada pelo Império Romano, movido pelos espíritos do mal – ganância, mentira, injustiça, discriminação, desigualdade, insensibilidade, libertinagem (cf. Ef 4,17-32). É neste contexto que a Carta exorta os fiéis à prática do Evangelho de Jesus Cristo crucificado (cf. Ef 3,1-21).

A Carta aos Efésios tornou-se de uma atualidade gritante. Os cristãos, por óbvio que pareça, devem levar uma vida coerente, como Igreja, no seguimento de Jesus Cristo. Pode-se dizer que, se a Carta aos Colossenses é cristológica, a Carta aos Efésios é eclesiológica: o projeto salvador de Deus (mistério), se realiza em seu Filho, Jesus (Ef 1,3-14), e se desenvolve na Igreja, que tem como cabeça Jesus Cristo soberano e crucificado (Ef 1,15-22). Essa é a pregação de Paulo (Ef 3,1-21).

Os cristãos têm a missão, portanto, de continuar da obra de Jesus. E, exatamente por isso, para serem Igreja, precisam da Bíblia. Sem ela, como poderemos saber se de fato seguimos Jesus Cristo ou uma religião qualquer que se afastou de Cristo e prega a si mesma? Seguir Jesus Cristo é uma coisa, seguir qualquer religião, outra. Os escribas e fariseus, no Evangelho, eram muito religiosos, mas tinham abandonado a Lei de Deus para seguirem tradições humanas (cf. Mc 7,8). A religião é uma criação humana, uma elaboração cultural. Por isso, hoje, alguém pode se dizer católico, e, ao mesmo tempo, ignorar a mensagem e o caminho de Jesus. Ser católico, ao contrário, é dinamizar a vida cristã: viver na unidade (cf Ef 4,1-6), como filhos da luz (Ef 4,17-5,20), sem relações de exploração na família (Ef 5,21-6,9), lutar contra o mal (Ef 6,10-20). Sem a Bíblia não podemos conhecer Jesus, e, portanto, nem o Projeto de Deus que ele traz, sua proposta de salvação universal, a nova criação da humanidade unificada, a necessidade de derrubar os muros de separação, a abolição das diferenças, e a força do Espírito Santo que conduz a Igreja neste sentido. A prática da religião pode reduzir-se a um ato cultural, sem vínculo com a Palavra de Deus que se encarnou no seio de Maria, que se fez homem, e que veio nos convocar para segui-lo.

O estudo da Carta nos ajudará a valorizar o fato de sermos Igreja e a descobrir a riqueza da diversidade, na unidade da fé; nos fará tocar com a mão a realidade sofrida dos migrantes, refugiados e sem-teto, que são também “concidadãos dos santos e membros da família de Deus” (2,19), bem como combater as relações de submissão, transformando-as em relações de serviço e amor, de modo que, “sendo verdadeiros no amor, possam crescer em todos os sentidos naquele que é a cabeça, o Cristo” (4,15).

A Igreja se espalha por toda a terra como o corpo de Cristo, para que Deus realize seu Projeto de salvação para toda criação e para toda a humanidade, por meio de atitudes e opções que visem “manter a unidade do Espírito pelo laço da paz” (4,3).

Autor(a): Pe. Ramiro Mincato

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