Sem dúvida, o ano de 2019, foi muito marcante para a nossa Diocese. Era o último ano antes da celebração do quadragésimo aniversário de criação e de instalação de nossa diocese. Foi a primeira vez que o Papa olhou para a nossa diocese e escolheu um de nossos padres para nomeá-lo bispo diocesano.
Dom Edson Batista de Melo, o novo bispo de Cachoeira do Sul, foi o primeiro bispo a ser ordenado em nossa Catedral Diocesana. Foi um acontecimento singular, que fez muito ao nosso clero e ao povo cristão de toda a diocese.
Além disso, este foi um ano de muita reflexão de nosso Conselho de Presbíteros e de nosso Colégio de Consultores, que abraçaram a proposta trazida pelo nosso Ecônomo, de aprovar a compra de um terreno e fazer os planos para a construção de uma nova Cúria Diocesana, no bairro Primavera. Naturalmente, tudo isto foi pensado no sentido de utilizar o nosso antigo prédio, adquirido ainda nos tempos de Dom Sinésio, para um investimento que gradativamente poderá reder e nos ajudar a superar a sempre a tão comentada dependência de nossas paróquias.
Foi um ano muito especial, porque em nível de Conselhos, passou-se a refletir muito sobre a realidade de nossas paróquias, tão desiguais, em sua situação econômica, como é a desigualdade gritante de nosso povo brasileiro. Temos algumas paróquias com uma situação invejável e com muitos recursos e outras realmente pobres e sem condições de se manter e ainda ajudar à diocese.
É hora de nós encontrarmos uma alternativa, que permita haver mais equilíbrio e mais cooperação solidária entre as diferentes realidades de nossas paróquias.
O desafio nos vem sendo colocado pelas Diretrizes Nacionais da ação evangelizadora. O que se espera hoje de nossa pastoral é a organização de Comunidades Eclesiais Missionárias. O mais difícil será entender bem o conceito de “comunidade”.
Nossas Paróquias não podem ser entendidas como ONGs (Organizações não governamentais), nem Associações (compostas por sócios e com direitos, regulamentados por Estatutos), nem (Sociedades, reguladas por Regimentos e cada um com seus direitos e deveres).
Na Igreja, nossas paróquias, capelas e seminários, precisam ser entendidos como “Comunidades”, união de pessoas, irmãos, que se reúnem em torno do mesmo objetivo, partindo da mesma experiência de fé, e compreendendo-se unidos no mesmo Cristo, vivo e ressuscitado, presente em nosso convívio e testemunhado em nossa fraternidade.
Em nível de Brasil, há dez anos, criamos o Projeto Partilha e Fraternidade, para permitir que as dioceses pobres também possam ter seminaristas e formar seus presbíteros. Todas as dioceses depositam mensalmente 1% de suas entradas e estes recursos são bem contabilizados e administrados, sendo distribuídos entre as dioceses mais pobres do Brasil.
É algo fantástico, que movimenta vários milhões por ano e mantém centenas de seminaristas de todo o Brasil, nas realidades mais carentes. E estas existem de verdade e isto está sendo visto como um modelo de superação de impasses dramáticos.
A nossa diocese precisa dar um passo nesta direção. Não adianta termos paróquias e capelas com grandes quantias em bancos, e por outro lado, termos paróquias pobres, com muitas dificuldades para sobreviver, a própria diocese passando dificuldades econômicas para manter a Evangelização. Temos a convicção de que isto pode e certamente vai mudar com ajuda e solidariedade de todos os padres.
Autor(a): Texto: Dom Zeno Hastenteufel | Foto: Cezar Moizes
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