Papa ao clero: contemplar o ministério como dom e não como função

Papa Francisco pediu aos bispos e padres que centralizem seus dons na gratuidade e no amor por Deus, Aquele que deu o dom do ministério

O Papa Francisco celebrou nesta quinta-feira, 19, a missa na capela da Casa Santa Marta e diante dos muitos bispos e sacerdotes, falou do dom do ministério. O Pontífice os convidou a refletir sobre a primeira Carta de São Paulo a Timóteo, proposta pela liturgia, destacando a palavra “dom”, seguindo o conselho de Paulo ao jovem discípulo: “Não descuides o dom da graça que tu tens”.

Para o Santo Padre, o dom não é um pacto de trabalho: “Eu devo fazer”, pois o fazer está em segundo plano; e sim: “eu devo receber o dom e protegê-lo como dom e dali brota tudo, na contemplação do dom”. Segundo Francisco, quando os sacerdotes se esquecem disto, se apropriam do dom e o transformam em função, perde-se o coração do ministério, perde-se o olhar de Jesus que olhou para todos e disse: “Segue-me”, perde-se a gratuidade.

“Desta falta de contemplação do dom, do ministério como dom, brotam todos aqueles desvios que nós conhecemos, dos piores, que são terríveis, àqueles mais cotidianos, que nos fazem centralizar o nosso ministério em nós mesmos e não na gratuidade do dom e no amor por Aquele que nos deu o dom, o dom do ministério”, afirmou o Papa.

Citando o apóstolo Paulo, o Santo Padre recordou que o dom é “conferido mediante uma palavra profética com a imposição das mãos por parte dos presbíteros” e que vale para os bispos, mas também “para todos os sacerdotes”. O Santo Padre destacou ainda “a importância da contemplação do ministério como dom e não como função”. Fazemos aquilo que podemos, esclareceu o Pontífice, com boa vontade, inteligência, “também com esperteza”, mas sempre para proteger este dom.

Esquecer a centralidade de um dom, acrescentou Francisco, é algo humano e deu como exemplo o fariseu que, no Evangelho de Lucas, acolhe Jesus em sua casa, ignorando “as inúmeras regras de acolhimento”, ignorando os dons. Jesus faz notar isso, indicando a mulher que doa tudo aquilo que o anfitrião esqueceu: a água para os pés, o beijo do acolhimento e a unção da cabeça com o óleo, recordou.

O Papa prosseguiu: “Havia este homem que era bom, um bom fariseu, mas esqueceu o dom da cortesia, o dom do acolhimento, que também é um dom. Sempre se esquecem os dons quando há algum interesse por trás, quando eu quero fazer isto, fazer, fazer… Sim, devemos, os sacerdotes, todos nós devemos fazer coisas e a primeira tarefa é anunciar o Evangelho, mas protegê-lo, proteger o centro, a fonte, de onde brota esta missão, que é propriamente o dom que recebemos gratuitamente do Senhor”.

A oração final do Santo Padre foi para que o Senhor ajude o clero a proteger o dom, a ver seu ministério primeiramente como um dom, depois um serviço, para não arruiná-lo e não se tornarem ministros empresários, executores, e tantas coisas que afastam da contemplação do dom e do Senhor. Uma graça que o Pontífice pediu para todos os presentes, mas especialmente para aqueles que festejam os 25 anos de ordenação.

Autor(a): VATICAN NEWS

Direitos da Imagem: Pascom NH

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