Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus

Celebrar o Natal é reconhecer que o Filho de Deus se fez humano (Encarnação) para que os homens se fizessem Deus (cf. Sant”Atanasio di Alessandria, De Incarnatione, 54, 3: SC 199, 458 (PG 25, 192). Porque “Deus tanto amou o mundo, que entregou seu Filho único, para que quem crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).

O Natal é uma festa que engloba todo o Projeto de Deus, desde a criação até o fim dos tempos, quando Jesus virá na glória, para julgar os vivos e os mortos. Este Projeto pode ser condensado em um simples nome – “Jesus” -, conforme ouvimos nas palavras do Anjo anunciado a José: “José, Filho de Davi, não tenhas medo de acolher Maria como tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem tu chamarás Jesus, porque ele salvará seu povo de seus pecados” (Mt 1,21). O nome de “Jesus” é o que se pode dizer de mais profundo em relação a Deus e em relação ao ser humano. “Jesus” se dirige e fala em primeiro lugar ao ser humano. Quando pronunciamos o nome “Jesus”, revelamos a nós mesmos a necessidade de sermos salvos, e nossa incapacidade de chegar a Deus sozinhos: “Deus, ninguém jamais viu: o Filho unigênito, que está no seio do Pai, este o revelou” (Jo 1,18). Quando pronunciamos o nome de Jesus não nos dirigimos a um dos mais ilustres personagens do mundo, mas ao Filho de Deus. “O Filho é o reflexo da sua glória e nele Deus se expressou tal com é em si mesmo” (Hb 1,3). Não há nada maior sob o céu do que a Salvação obtida pela Encarnação de Jesus, por quem somos perdoados e salvos, pois é Ele que “salvará o povo de deus pecados”. Mas, para haver salvação, para haver celebração do Natal, é preciso duas coisas: primeiro, reconhecer que o Filho de Deus se fez humano; segundo, que Ele se fez humano, com o nome de “Jesus”, isto é, “para salvar o povo de seus pecados”. Estas duas condições permitem celebrar o Natal, com a alegria e a paz que os anjos anunciaram. Os pecados, porém, exigem o discernimento do Espírito. É claro que não há pecado para quem não tem discernimento, e portanto, quem não tem discernimento da realidade não tem tampouco necessidade de perdão. Sem necessidade de perdão haverá, menos ainda, necessidade de conversão. Na atual situação histórica cheia de morte dos seres humanos e destruição da natureza, de indiferença em relação à prática religiosa e de cultivo de ódio e cismas, de insegurança e prepotência, de narrativas inescrupulosamente elaboradas para justificar a guerra e do gigantesco empobrecimento da humanidade mediante uma concentração diabólica da riqueza, neste tempo, em que basta um bode expiatório, para aceitarmos todo o mal possível, precisamos pedir com muita oração e penitência o perdão dos pecados e a graça da conversão. Celebrar o Natal é uma graça e uma esperança, alimentada pela fé, capaz de discernir o momento presente, para não se deixar enganar pelas forças do mal que impregnam corações humanos, e ainda mais estruturas e instituições que deveriam estar a serviço da vida. “Uma das tentações mais sérias que sufoca o fervor e a ousadia é a sensação de derrota que nos transforma em pessimistas lamurientos e desencantados com cara de vinagre… Quem começa sem confiança, perdeu de antemão metade da batalha e enterra os seus talentos…” (EG 85-86). Celebrar o Natal é fazer festa, porque o Filho de Deus se fez humano e, por isso, podemos buscar o perdão e a mudança de vida, pois o Natal é um augúrio de fraternidade. Que este Natal nos ajude a redescobrir relações de fraternidade que nos ponha em sintonia com o verdadeiro Messias, que é Jesus Cristo. Não outros…

Autor(a): Ramiro Mincato Paróquia São José Operário – Fião – São Leopoldo

Direitos da Imagem: Pascom NH

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