COMUNICADO OFICIAL EPISCOPAL
Caríssimos filhos e filhas, que a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a Comunhão do Espírito Santo estejam com todos vocês.
Com o coração ferido e muita humildade venho ao encontro de todos para, em nome de nossa diocese, especialmente do clero e leigos colaboradores, lamentar profundamente o ocorrido, tendo como protagonista um dos nossos sacerdotes. Infelizmente a notícia veiculada no jornal de grande circulação, apesar de trazer parcialmente a verdade da qual nos envergonha muitíssimo, trouxe mais perturbações e incertezas ao povo do que respostas concretas sobre o ocorrido e as medidas já tomadas por nossa diocese.
De fato, apesar de tudo indicar tratar-se de típico caso de extorsão, pois a reportagem jornalística omitiu os diversos prints de conversas por WhatsApp de supostos familiares da suposta vítima exigindo dinheiro, sob ameaça de ampla divulgação, o triste e abominável teor das mensagens trocadas por um sacerdote de nossa diocese com uma adolescente até então desconhecida, não poderia passar impune.
Foi nesse contexto que, inicialmente, a Ouvidoria Canônica avaliou o caso, pois não havia menor na posição de vítima. Também não havia manifesto perante a Igreja de alguém se dizendo parente, tio ou tia, circunstância que a reportagem jornalística não desmente, pois reconhece que a suposta menor continua não identificada e o tio que teria feito o contato com o jornalista não quis se identificar. Tampouco o poder público se manifestou ou requereu algo. A única ocorrência policial que se conhecia era do padre, vítima de extorsão, essa sim comprovada nas mensagens referidas.
Mas agora, diante de mais elementos revelando conduta vergonhosa do padre, não condizente com o regimento da Igreja de Cristo, contrariando a zelosa defesa dos princípios da moralidade pregada, sobretudo através do exemplo dos religiosos, referido sacerdote não poderia passar impune. Por isso foram emitidas, por meio de Decreto, sanções canônicas punitivas, a exemplo da suspensão temporária liminar, por ato administrativo canônico, retirando-lhe a condição de exercer seu ministério.
Esse decreto de suspensão temporária do padre, portanto, resulta do trabalho da Ouvidoria Canônica da diocese de Novo Hamburgo, que continuou investigando o caso, avaliando os fatos novos agora trazidos pela reportagem jornalística. Aos diversos prints de conversas revelando a mais pura extorsão, agora se acresceram elementos caracterizando conduta imprópria, materializando grave delito canônico, justificando a tomada de medidas previstas no Direito Eclesiástico.
Deste modo, informamos que o sacerdote investigado está suspenso do ministério sacerdotal a partir desta data, deixando de exercer qualquer função como padre em todo território nacional. Enfatizamos, ainda, que a identidade do sacerdote investigado será preservada, pois o processo civil tramita em segredo de justiça. Todo o material de nossa investigação canônica, bem como suas conclusões, os Decretos de Medida Disciplinar e de Suspensão Definitiva do sacerdote investigado serão enviadas ao Dicastério de Roma (Congregação para Doutrina da Fé), que cuida dos casos de denúncias e delitos de natureza sexual cometidos por religiosos envolvendo menores e vulneráveis, para confirmar nossa decisão. Queremos ainda deixar claro que a nosso Decreto de Suspensão de Ordem do Sacerdote investigado, assim como o envio de nosso parecer à Congregação para Doutrina da Fé não exime o sacerdote das investigações e possíveis condenações civis.
Por ora, resta-nos apenas, com dor no coração, intensificar nossas preces e aguardar o que determina o Dicastério Romano competente.
Também ressaltamos que a conduta triste e abominável deste nosso irmão constitui caso isolado, que não deve macular a conduta de nosso clero, que busca ser fiel ao Senhor no seu estado de vida, seguindo seus mandamentos e servindo o povo de Deus.
Com minhas mais sinceras estimas e preces.
Novo Hamburgo, 02 de Outubro de 2020.
Dom Zeno Hastenteufel
Bispo Diocesano
Autor(a): Dom Zeno Hastenteufel
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